Imaginem um cheiro. Por exemplo, o cheiro que o seu prato favorito na infância tinha. Lembra? Agora imaginem que estão saboreando aquele prato. Lembram do sabor? É bastante provável que vocês sejam capazes de reviverem aqueles momentos, uns com mais facilidade que outros. O que está claro é que não é necessário que vejamos o prato para podermos saborear uma boa comida. É verdade que comemos muitas comidas com os olhos, mas proporemos a vocês uma experiência culinária que lhes fará desenvolver os sentidos do olfato, do paladar e o do tato; vocês serão privados da visão. A proposta que ShBarcelona apresenta neste artigo é fazer refeições às escuras em Barcelona, uma maneira original de aguçar os sentidos e de se divertir.
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Dans le Noir, o responsável por esta experiência
O Dans le Noir (Na Escuridão) é o restaurante onde podemos fazer refeições às escuras. Entretanto, o objetivo não é somente mexer com os sentidos enquanto comemos. A intenção do fundador, Edouard de Broglie, é trazer à tona um pouco do modo de vida das pessoas que não enxergam. Portanto, a ideia é mostrar às pessoas sem deficiência visual como é possível viver e usufruir os prazeres da vida ainda que os olhos não enxerguem.
Viver por meio dos sentidos
Evidentemente, a primeira coisa que vem à nossa mente, assim que aceitamos o desafio, é a experiência sensorial que teremos, o “Como será reconhecer o alimento apenas por meio do tato, do olfato e do paladar?”. Essa experiência gastronômica é um verdadeiro jogo. As pessoas cheiram e brincam com a comida, desafiam umas às outras a descobrirem quais são os alimentos, experimentam os pratos de seus companheiros, e saboreiam as comidas de um jeito muito mais intenso.
Colocar-se no lugar de quem não pode enxergar
Colocar-se no lugar das pessoas que não podem enxergar é um gesto de empatia, e esse é um dos objetivos do Dans le Noir. A experiência nos permite entender melhor como os deficientes visuais se sentem, como vivem. Por uns instantes, mergulhamos em seu mundo sensorial e, sobretudo, em seu universo emocional, e ganhamos mais intimidade com os recursos que afloram a partir da carência da visão. Durante a experiência, fica evidente que enxergar é muito importante, mas não imprescindível na degustação.
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Socializar-se sem enxergar, outro desafio
Entre os múltiplos fatores que fazem desta experiência algo único, há um que surge no momento que estamos imersos nela: a socialização. A forma como interagimos com todas as pessoas ao nosso redor muda radicalmente, já que somos obrigados a usar outros sentidos que, normalmente, costumamos ignorar. Como não estamos enxergando, precisamos tocar os outros, nos ajudamos a encontrar o banheiro, experimentamos os pratos das demais pessoas. Também as tocamos para sabermos se ainda estão presentes quando o silêncio se faz presente. A distância desaparece, nos sentimos mais frágeis, mas passamos a enxergar sob outro ponto de vista, deixamos os preconceitos de lado. Eliminamos barreiras sociais e a inibição. Em outras palavras, a comunicação ganha sensibilidade e profundidade. Nos humanizamos quando deixamos de enxergar uns aos outros. Nesse momento, todos somos iguais.
Já visitou o Dans le Noir? O que achou da experiência?